Elegância de gestos e palavras

A frase diz: "Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado de se deixar distinguir".
Modéstia à parte, considero-me um ser bem elegante. Tão elegante quanto educado.Talvez por isso, não saiba lidar com quem não o é. Não tenho paciência, diria mesmo que, não tenho a mínima vontade de estar perto de pessoas assim.
Tenho dificuldade em conviver com gente demasiado espalhafatosa, que faz tudo para ser o centro das atenções (normalmente pelas piores vias); que adora arranjar confusão, nem que seja porque a torrada tem menos manteiga de um dos lados; com gente arrogante e preconceituosa que julga os outros pela forma como se vestem, ou simplesmente, por serem fora dos padrões ditos normais.Para mim, elegância passa pela serenidade dos gestos e das atitudes. Pelas palavras doces e delicadas, pelo uso das expressões banais como "Bom dia", "Obrigado", "Se faz favor" ou "Com licença". E, nos dias que correm, parece que todos esses bons hábitos se tornaram fora de moda.
Por isso, valorizo quem ainda pensa como eu, e acredita que elegância e educação são intemporais. Sou muitas vezes acusado de exigência e perfeccionismo em excesso, mas não me contento com o menos se acredito que posso ter o mais.

Será tarde para fugir?

Não há nada pior do que a obrigação das coisas. O "ter que fazer" porque alguém decidiu assim, e sentirmo-nos impotentes para mudar o rumo dos acontecimentos.
Toda aquela lenga-lenga de que comandamos a nossa vida, acaba sempre por chocar de frente com situações deste género. Nós controlamos a nossa vida, mas em algumas situações específicas, alguém nos "controla" a nós.
Não que eu não seja adaptável, mas tenho dificuldade em fazer de cara sorridente o que não quero de todo fazer. Faço, por obrigação, e esforço-me pouco para controlar a má vontade.
Hoje foi apenas o primeiro dia, de longos dias que aí vêm.
Assim, uma espécie de teste, que já me deu umas luzes sobre a escuridão dos longos dias que se seguem.
Tenho os nervos em franja.
Preciso urgentemente de:
- respirar fundo;
- aumentar a minha paciência e calma;
- uma maior capacidade de resignação;
- respirar fundo mais algumas vezes;
- pensar que vou aprender muito, e mais tarde valorizar este momento;
- mentalizar aquela frase do filme Madagáscar:
"É sorrir e acenar", e repeti-la baixinho várias vezes ao dia;

Paixoes e Mudanças

Como alguém vira cozinheiro? Sempre cozinhei em minha casa, na casa de meus sogros e na casa de amigos, experimentando sabores diferentes nem sempre bons, com algumas especialidades (nhoque, panqueca muqueca e arroz com frango), mas nada profissional só por prazer mesmo.
Depois do boom de escolas de gastronomia e da glamourização da profissão, acredito que algumas pessoas cresçam com esse objetivo. Mas há pessoas que caem de pára-quedas na beira do fogão e nao saem mas. O meu caso não foi diferente. Técnico em informática e web designer, sempre estive trabalhando com informática, mas desde que cheguei a Espanha experimentei alguns mundos diferentes, entre eles colher azeitona, ajudante de pedreiro, ajudante em uma fábrica de doces tipicos de Andalucia, em informática (como nao podia deixar de ser) e finalmente a cozinha.
Procurava trabalho e consegui um teste no restaurante Plaza de Toros e foi aí que eu tive a certeza que a cozinha era a minha casa, que aquele fogão de oito bocas e aquela variedade de sabores e odores tinham nascido para mim e eu para eles. E meu mestre – Manolo Munhoz, Chef de Cozinha – demonstrava uma paixao e uma incrivel criatividade com a comida, tão grande que aquilo foi me contagiando. Amei a idéia de as pessoas não só olharem, mas comerem minha obra de arte.

Passado o teste de 2 semanas de estágio, fui contratado pelo restaurante foi quando um amigo me chama para outro trabalho no qual ganharia mais tive duvidas. Fiquei feliz por ter sido chamado, mas sabia que não conseguiria viver longe daquilo que eu tinha vivido nas últimas semanas. Não aceitei. Meus amigos levaram um susto, acertei meu salário e horários e assim coloquei os dois pés na cozinha.

Passei ali por dias difíceis mas muito compensadores descobrindo na prática como era esse negócio de trabalhar em uma cozinha. Fiz amigos e redescobri a paixao de aprender e como cozinhar uma paixao que eu não sabia que tinha.
Durante esse tempo ainda nao vi a pitada do glamour que eu sempre ouvia falar (quem conhece cozinha de restaurante sabe do que eu estou falando). Mas continuo pilotando o fogão em um calor digno do deserto do Saara. Entendi que o glamour só existe para quem olha de fora.
Completo este ano 31 anos de vida, e 7 meses de cozinha. E quero me especializar mais. Até porque a cozinha não pára: enquanto está todo mundo descansando, nós estamos batendo panelas desde cedo, sempre pensando em um novo jeito de surpreender quem come nossa comida. Esse desejo de novas descobertas me levam a uma temporada em uma nova cozinha em uma regiao onde tudo é diferente. Espero aprender mais e continuar aprendendo e fazendo bem meu trabalho.

Cozinhando

“Na cozinha a primeira coisa que a gente faz com uma receita, depois de definido nosso objetivo, é separar os ingredientes. Bem organizados e medidos para que não falte nada. Isso não significa que a receita ou o objetivo não possam ser mudados no meio do caminho, de acordo com uma oferta de ingredientes de melhor (ou pior) qualidade, ou com uma simples mudança de idéia em relação ao resultado final.
Depois é só não perder a concentração ou o foco e respirar fundo, seguindo sempre em frente, passo a passo. E se a preparação desandar ou queimar, a gente começa de novo da etapa anterior. Por último, a gente confere todo o processo, confere se os ingredientes estão em equilíbrio e, se necessário, ajusta a receita. E como recompensa se delicia com o sabor de um prato novo ou até mesmo com suspiros alheios."

Sem palavras

Tem certos dias que o que fica, é só uma angústia, na verdade essa angústia me acompanha sempre, tenho muitos motivos para tê-la mas mesmo assim nao aceito a idéia de conviver com isso, sei que errei, mas será que nao mereço perdao?
Vivo em um emaranhado de pensamentos, sempre tento ter o controle de tudo, mas as coisas me escapam. Tenho planos e sonhos, mas nao sei se realizarei a metade.
Outro dia lendo um texto dizendo que se tenho que ser reconhecido por algo é que tenho baixa estima, desde entao isso nao sai da minha cabeça, mas também li que "hoje em dia temos idiotas motivados e nos falta inteligencia", mas também Eistein disse "a imaginaçao é mais importante que o conhecimento", esses fragmentos dao uma ideia de como a dúvida me corrói, procuro sempre fazer o melhor que posso, mas sempre tenho a impressao que alguem faz melhor que eu e isso me transtorna, essa competitividade nata me come as entranhas e ainda nao sei me defender dela.
Será que só eu tenho esse tipo de pensamento, sei que sou egoista e ambicioso em demasia, competitivo e corajoso mas nao sei por quanto tempo...

IMIGRANTES

Engraçado, como a sensaçao de ser imigrante está sempre presente, ou melhor onipresente, a visao que tem de nós "imigrantes" é a de que somos pobres, famintos, sem boa educaçao, mas isso nao é o que eu conheço do Brasil, ou melhor esse nao sou eu e nem é o meu Brasil. Cadê meu Brasil?! O Brasil de gente honesta, que corre atrás, que estuda e muito, que não sai pelada no carnaval e nem é “Ronaldinho”, que gosta de rock, com paisagens e praias exuberantes, cachoeiras também, que a maior parte de nós brasileiros nao conhecemos e nao valorizamos o bastante; o Brasil da culinária rica e super-variada, o Brasil industrial que exporta pro mundo todo, inclusive pra Espanha, o Brasil científico que criou e cria coisas importantíssimas em todas as áreas do conhecimento e infinidades de coisas maravilhosas, mas que não mostram, simplesmente porque não dão audiência, não têm graça.
Outro dia me perguntaram sobre o Brasil e falaram sobre futebol, carnaval, caipirinha Rio de janeiro e praias e eu disse que nao temos só isso, disse também que pra nós brasileiros, quando pensamos em espanhóis pensamos em toreros e dancarinas de flamenco e nem todos sao assim.Voltando ao tema da imigraçao, acho que hoje em dia somos parte importante da economia da Espanha e da Europa, porque nao merecemos um pouco de respeito, procuro fazer bem meu trabalho e honrar a minha nacionalidade, nao deixando é claro de valorizar a cultura deles que é belissima aos meus olhos.

Antonio Machado

É um poeta espanhol muito famoso, fiquei curioso porque sempre que falo meu nome as pessoas falam igual ao poeta e pesquisei um pouco sobre ele e achei muita coisa interessante resolvi publicar um pequeno texto que achei legal.

Al borde del sendero un día nos sentamos
Al borde del sendero un día nos sentamos.
Ya nuestra vida es tiempo, y nuestro sola cuita
son las desesperantes posturas que tomamos
para aguardar... Mas ella no faltará a la cita.

Companheiros de trabalho

Esse sou eu e Silvana no nosso ambiente de trabalho, essa é mais uma brasileira lutando por seus sonhos e trabalhando muito, por aqui, uma boa comapnheira de trabalho e boa amiga também. Silvana de Juína para o mundo.

Meu Trabalho

Como vcs sabem eu trabalho de cozinheiro e resolvi mostrar alguns dos pratos que fazemos e como se apresentam, sempre gostei de cozinhar, mas aqui o prazer tá se tornando trabalho. lógico que estou me adaptando a comida que é realmente muito distinta da nossa, nao deixando de ter seu encanto e seu sabor particular.






Pierna de cordero a la plancha, um prato bonito e saboroso, com um toque de MANOLO.












Atum a la Plancha, muito bom e muito bonito tbm.









Outra apresentaçao do Atum, o sabor é o mesmo, mas a cara é totalmente diferente.

MELENDI

Com solo una sorrisa
Desnúdame juega conmigo a ser la perdición
que todo hombre quisiera poseer
y olvídate de todo lo que fui y quiéreme
por lo que pueda llegar a ser en tu vida
tan loca y absurda como la mía como la mía
--
tú piensas que la luna estara llena para siempre
yo busco tu mirada entre los ojos de la gente
tú guardas en el alma bajo llave lo que sientes
yo rompo con palabras que desgarran como dientes
tú sufres porque no sabes como parar el tiempo
yo sufro porque no se de que color es el viento
tan dulce y hechizante que se escapa de tu boca
con solo una sonrisa mi cabeza volvió loca
ay ay volvió loca
--
no busques mas que yo te voy a dar
todo el calor que no te daba la barra del bar
donde te ví yo por primera vez
donde aprendí que se podia llorar también
de alegría soñando tu boca junto a la mía
ay junto a la mía
--
tú piensas que la luna estara llena para siempre
yo busco tu mirada entre los ojos de la gente
tú guardas en el alma bajo llave lo que sientes
yo rompo con palabras que desgarran como dientes
tú sufres porque no sabes como parar el tiempo
yo sufro porque no se de que color es el viento
tan dulce y hechizante que se escapa de tu boca
con sólo una sonrisa mi cabeza volvió loca
ay ay volvió loca
--
tú piensa que la luna estará llena para siempre
yo busco tu mirada entre los ojos de la gente
tú guardas en el alma bajo llave lo que sientes
yo rompo con palabras que desgarran como dientes
tú sufres porque no sabes como parar el tiempo
yo sufro porque no se de que color es el viento
tan dulce y hechizante que se escapa de tu boca
con sólo una sonrisa mi cabeza volvió loca
ay ay volvió loca
--
Uma das musicas que mais gosto, gosto muito do ritmo de Melendi.

Sobre este Blog

Este blog é como uma espécie de baú. Acho coisas e guardo os links aqui. Coleciono histórias oficiais ou nao, textos, listas de tudo quanto é coisa útil e inútil, fotos, etc. Em todo caso, é um blog muito pessoal. Falo do que me dá vontade e escrevo porque quero ver até onde posso chegar, se vou ser capaz de adquirir certa regularidade e disciplina. E quem sabe se ainda consigo aproveitar para ganhar uns trocados com os anúncios.
Ainda está tudo meio bagunçado. Mas estou tentando colocar um pouco de ordem e alguma informação que possa ser útil. Os textos estao sem acentuação porque o teclado que uso nao está adaptado para usar tils. Vou arrumando aos poucos.
Tenho esperança de publicar coisas de interesse específico. Está destinado a neuróticos, tímidos, loucos, sensíveis, solitários, obscuros, melancólicos. De alguma forma tento sorrir de vez em quando, tento ser amável de vez em quando e algumas vezes funciona.
Gosto de contar histórias, mas nao tenho muita aptidão para contá-las oralmente, de maneira que minha alternativa é sempre contá-las por escrito. Qualquer banalidade pode despertar algum sentimento, um momento sem sentido pode ser prolongado ao ser lido. Gostar de contar histórias nao significa saber nem ser bem sucedido na empreitada. Significa apenas que tenho alguma ilusão de ocupar o tempo de alguém, de receber uma resposta qualquer.
Atualmente, sinto que vivo numa ilha e que tenho conexão com o mundo apenas através da internet. Por isso escrevo e tento de maneira teimosa que algo de mim se propague. Se a coisa vai morrer na praia ou se vai chegar a algum lugar só saberei com o tempo (toda esse palavreado parece artificial). Mas meu momento atual parece artificial. É como flutuar num universo que nao é o meu. Nao me identifico. Então escrevo e escrevo para ver se descubro por onde ando ou se saio de algum lugar.
O que vou tentar evitar ao máximo é copiar-colar coisas de outros lugares. Claro que existem coisas muito interessantes na net que terei vontade de mostrar a todos, mas tentarei sempre publicar algo inédito (que nao significa necessariamente de qualidade, se bem que seria o mais desejável). Visito vários blogs diariamente e vejo como muitos sao parecidos. Acho que a diversidade é a melhor opção nao só de entretenimento mas também de utilidade, nem que seja útil apenas para perder tempo.
Penso nos inúmeros textos que escrevi, sem nenhuma intenção específica, além da de desabafar e me sentir melhor. Para onde foram? Nem me lembro desses textos, só sei que algum dia existiram mas nao sei como eram, que cara tinham nem de que falavam. Tudo para o buraco negro. Tempo, idéias e esperanças gastas. Mas insisto. Ainda acho que posso criar e fazer sobreviver um espaço na internet.
Resumindo: aqui você vai encontrar textos pessoais banais, estranhos e/ou cotidianos, comentários soltos, um pouco de caos, links para outras páginas e blogs, poesia, citações, fotografias de autoria própria, declarações de amor a tecnologia e a música, etc, etc. Mas de qualquer forma, é tudo fictício, e se você se sente identificado com algo ou parece que você já viu algo parecido, é mera coincidência.

O paladar é adaptável e a dieta mediterrânea maravilhosa!



Muita gente me pergunta sobre a alimentaçao aqui na Espanha... o que se come, o que se encontra nos mercados, como é a tal dieta mediterrânea. Vou confessar, quando cheguei aqui morria de saudades da comida brasileira, principalmente do arrozinho com feijao, que eu adoro... Nao via graça em alguns alimentos e até cheguei a enjoar do azeite de oliva (todos os pratos sao feitos com azeite em abundância).
Com o tempo você vai acostumando com o sabor dos novos alimentos, vai aprendendo a degustá-los como se deve e passa entao apreciar cada um da maneira devida...e quando menos espera percebe que a nova dieta já faz parte de sua vida.
Aqui vou falar um poquinho sobre alguns alimentos BÁSICOS da dieta mediterrânea espanhola, aqueles que a gente come no dia-a-dia ou em lugar do antigo churrascao do fim de semana.
1. El aceite de oliva: Base de toda a alimentaçao aqui na Espanha. Se utiliza desde o tempero de saladas até a fritura da carne e das batatas. Por aqui tem um sabor intenso e é utilizado de mao cheia em todas as refeiçoes.

2. Las aceitunas: Se você chega em um bar ou na casa de um amigo para tomar um cerveja e ver o futebol, com certeza entre os quitutes que te sirvam estará a azeitona. Também nao pode faltar nas saladas e na carne.

3. La tortilla española: Receita básica na dieta espanhola. Feita com ovos, batata e cebola e muuuuuuuito azeite de oliva, tem um sabor simples, mas cativante, ideal para os iniciantes em alimentaçao mediterrânea.

4. El pan: É como o arroz nosso de cada dia. Ao contrário de nós brasileiros, que comemos pao no café da manha, acompanhado de um cafezinho, aqui o pao é o chamado "acompañamiento", se come com a verdura, com a carne, com a massa... Aqui há uma infinidade de paes, o que faz valer a pena trocar nosso arroz pelo trigo.

5. El jamón: Verdadeiro manjar dos deuses.Um dos produtos mais exportados por Espanha. Olhando assim, pode parecer exquisito, se trata de uma grande pata de porco defumada em condiçoes especiais. Deve ser cortado com técnica em fatias muito fininhas e comido acompanhado com azeite, pao e vinho.

6. La paella: Conhecida internacionalmente, fazendo jus a essa fama.Receita a base de arroz (um arroz redondo, diferente do que conhecemos), verduras, curry e o tipo de carne a escolher: pode ser uma paella de carnes (coelho, cordeiro, frango, bovina) ou marico (camaroes, lagosta, mexilhoes). Geralmente se come nos fins de semana, com família e amigos na mesa, algo como nosso churrasco entre amigos.

7. El gazpacho: Prato típico de verao. Sopa fria feita a base de verdura crua picadinha (cebola, tomate, pimentao e pepino), vinagre de vinho, azeite de oliva e sal. Pode parecer estranho aos paladares menos atrevidos, mas vale a pena provar.

8. Los quesos: Por aqui há uma infinidade de tipos, já cheguei a provar queijos de uva e abacaxi, que vale dizer, sao deliciosos. No meu dia-a-dia sempre como o roquefort e principalmente o queijo de burgos, que é muito parecido com o queijo de ricota, baixinho em sal e em caloria, além de delicioso. Tudo isso com um bom vinho é de deixar qualquer um rendido!

9. Los churros: Até chegar aqui, nao sabia que os churros sao uma receita espanhola. Faz parte do café da manha ou de algum lanche, mas aqui nao sao comidos com doce de leite ou goiabada (forma mais comum no Brasil) e sim com uma boa xícara de chocolate quente. Ideal para espantar o frio ou qualquer ressaca.

SOLIDAO

A solidão de quem mora no exterior é diferente da solidão de quem mora em casa.
Eu sempre gostei de ficar sozinha. Era uma solidão agradável com sabor à liberdade, pois eu podia matar as saudades de tudo e de todos quando eu quisesse.


Mas quando a solidão é vivida por falta de opção, aí passa a incomodar. Sentir saudades de colo de mulher e não poder abraçar, sentir vontade de ouvir as palhaçadas da filha e dos sobrinhos e ficar só com o som na memória, sentir saudades de jogar vídeo- game com um amigo e fingir que deixou ele ganhar ( lutando muito pra isso não acontecer); sentir falta daquele papo- furado e só ter as lembranças. Sentir falta de tudo que é familiar e nunca perder essa sensação de ser imigrante, de nunca sentir- se em casa.

Quando você mora no exterior, sentir saudades e dar valor à coisas que você nem dava muita importância antes passam a ser frequentes. Aquele trabalho que você reclamava tanto, passa a não ser tão ruim; os problemas do dia a dia, já não incomodam. Os cheiros, os sons, os gostos ficam fortes, tão presentes.

Não dá pra esquecer quem somos e o que nos formou. O verde- amarelo corre junto com o sangue nas veias. Você chora com as notícias ruins que vêm sempre tão constantes. Você torce muito para que dê certo, para que a violência diminua, que tenha trabalho pra todo mundo e que os salários subam, que as pessoas sejam muito felizes.

Felizes? Quando a gente mora no exterior é que percebe forte mesmo que o brasileiro apesar de todas as dificuldades, é um povo feliz, que sabe viver. Você compara com os povos de primeiro mundo e vê que a maioria é muito cinza, e que os que são mais alegrinhos têm alguma “mistura” na família.

Eu acho que no fundo eles não entendem o brasileiro: como pode…num país com tanta violência, fome e diferenças sociais, o povo ser tão feliz?! Felicidade está intimamente ligada ao dinheiro pra eles.
Eu acho mesmo é que eles sentem uma inveja danada.

Espanha – Vale a pena

A única coisa que eu sempre tento fazer, é desmistificar a noção absurda que a Espanha é sinônimo de riqueza e mar-de-rosas. Existe gente feliz sim ( mesmo porque muita gente é feliz com muito pouco e o conceito de felicidade é muito variável), mas existe gente que fracassa em suas metas, objetivos e volta decepcionado, pior do que veio. É essa realidade que muita gente fecha os olhos, mascara e falseia, que eu quero mostrar. Não que a espanha seja so decepção, na verdade estou feliz aqui, mas faço parte da metade, que gosta, ta integrada e tem muita, muita sorte (graças a Deus), a maioria, pelo menos que eu conheço vive falando mal do pais, da língua, da comida e de tudo mais, o que vejo é que essas pessoas so lembram das coisas boas do Brasil, não lembram das dificuldades, dos problemas, do salário (de merda), da falta de oportunidades e de tudo mais que sabemos todos que dali viemos.
Não que aqui na Espanha estejamos a salvo de tudo isso, na verdade aqui as coisas são tão ou mais dificies do que em nosso amado pais, além da língua que temos como obrigação aprender, também quem quer vencer por aqui tem que suar a camisa e estar preparado para o que der e vier (principalmente quem não tem documentação, que é o caso da maioria) as oportunidades para os “sem papeis” são poucas, tem que ser aproveitadas e agarradas com dentes e unhas. No mais o que penso é que quem quer vir morar aqui tem que antes se informar e muito bem, antes de fazer dividas e depois vir pra ca e ficar sem trabalho, com contas e vendo o dinheiro ir embora que é o que acontece com a maioria das pessoas que voltam desiludidas a outra parte que vem e fica mal são aqueles que vêem porque um amigo ou parente lhes falou que é bom e quando chegam se assustam e ficam o dia todo metido na casa depois de ter dado com a cara em meia dúzia de portas.
Muita gente vive de aparência: triste, sem grana no bolso, solitário, frustrado, mas demostra exatamente ao contrário. É o mundo das aparências, “morre, mas nao perde a pose”. Fake total. E é a imagem que sai pro mundo e os reflexos vão se propagando numa corrente de falsidade. Falta sinceridade sim na vida; falta que as pessoas não tenham medo de assumir o que são de verdade, sem vergonha. Muita gente mente, engana, destrói, rouba, derruba “companheiros” de trabalho, mata para manter um status de vida que não é o seu, porque vê fundamental “aparecer”, manter- se em “no alto da onda”. Muita gente se aproxima de outra só quando acha que pode tirar algum proveito dessa “amizade”. E isso tudo com uma naturalidade que me horroriza.
E isso acontece com muitas pessoas que moram no aqui( é a realidade que presencio agora): adoram mostrar o que não são, o que não têm. Carecem do “ser” e do “ter”, têm o rei-na-barriga, o mundo das aparências prevalece. Gente que vive frustrada porque sonha com coisas impossíveis, e acaba sugando, usurpando, vampirizando o que é do outro. Enganar a si mesmo é o pior dos enganos.

Afinal conclusivamente o que vejo é que a Espanha é um lugar muito interessante, bom pra se viver e estar, onde as pessoas de iniciativa e perseverança como em qualquer lugar do mundo acontece, vencem, mais assim mesmo a todos nós ainda falta algo, creio que é um pouco de Brasil.