Não Entendo

“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completo quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais, mas pelo menos entender que não entendo”. Clarice Lispector.
Sábia, Clarice… Também eu entendo que não entendo. As vezes até entendo, mas prefiro não entender. O não entender libera-nos de certos pesos. Tira-nos o stress, a preocupação. É como ter loucura sem ser doido, como ser irresponsável sem ser criança. Como saber que nada sei. Não que não saiba, mas saber que por mais que saiba ainda terei muito a saber. Então, se de repente eu não souber, não preciso me punir por isso. Basta aprender, buscar saber. É simples, por mais que assim como eu, você também pense: não entendo.